
O novo álbum Eat Me, Drink Me é bastante diferente de The Golden Age Of Grotesque.
Deixei de querer fazer música – olhando agora para trás vejo que não percebi que simplesmente tinha deixado de gostar de mim… Estava enfiado num casamento onde era esperado que eu mudasse. Não me apercebi disso até ser quase demasiado tarde… Por isso, fazer este disco foi uma espécie de redenção ou salvação – se este disco não existisse, eu não existia.
Quando percebeu que tinha virado a página?
Bastou uma canção. A primeira, pelo que me lembro, foi «Just A Car Crash Away» e esse primeiro take é o que está no disco – a primeira vez que a cantei. Foi um período muito difícil da minha vida mas a música fez-me ver que este é quem sou suposto ser. De certa forma estava a tentar escapar de mim próprio ao envolver-me em diferentes formas de arte, em vez de simplesmente as combinar. Não reparei que ao não querer fazer discos não queria ser eu próprio por isso, neste disco podem ouvir-me a recuperar as forças.
Falou em mudança – quem é que estava à espera que mudasse?
Não percebi que comecei a questionar o que sou… Só quando voltei a cantar uma canção é que vi que gosto disto – e foi como fazê-lo de novo pela primeira vez.
Com um título como Eat Me, Drink Me (inspirado no caso de canibalismo que aconteceu na Alemanha há alguns anos) e uma canção chamada «Mutilation Is The Most Sincere Form Of Flattery» – quanto disto é apenas uma forma de procurar controvérsia?
Acho que sou naturalmente ofensivo ou controverso no dia-a-dia – é o meu sentido de humor. «Mutilation is the most sincere form of flattery» é algo que disse no gozo. De repente vi que nunca ponho a minha personalidade desta forma na música – as pessoas só me conhecem realmente (seja isso mau, sarcástico, ou o que for) se falarem comigo. Foi isso que fiz neste disco.
Veronica Parker/Famous/Casa da Imagem (Tradução de Sandra Almeida)